Concretos especiais de nova geração
Marco Antônio de Morais Alcantara
O concreto de elevado desempenho,
tem revolucionado o meio técnico, em termos das suas potencialidades, dentre
elas a sua alta resistência mecânica e a durabilidade correspondente (parece redundância o título da postagem), permitindo edificações arrojadas, com o menor consumo de concreto e com estruturas
com menor peso próprio, comparados aos casos do uso do concreto convencional. Ainda, pode-se considerar a sua excelente condição de aderência às armaduras, bem como
a proteção à estas pelo seu cobrimento. Procurará fazer neste texto uma
apresentação dos concretos de elevado desempenho comparativamente aos casos dos
concretos convencionais e dentro de suas particularidades.
A microestrutura interna do CED
Os concretos de elevado
desempenho (CED) apresentam elevada compacidade, maior densidade, menor
porosidade e a formação de uma zona de transição mais enriquecida, com menos
vazios na pasta. Isto permite a melhor ligação destas pastas com os agregados,
menor permeabilidade, maior resistência mecânica, de modo a não ser elas,
obrigatoriamente, o elo mais fraco do conjunto.
Por todas estas características a
microestrutura dos CEDs é diferente da que é apresentada para os casos dos
concretos ordinários, em termos de interação entre as fases agregado graúdos e
matriz, como mecanismo resistente do concreto. A menor permeabilidade pode
influenciar na cinética química dos cimentos, quando é considerada a difusão
interna para a hidratação dos cimentos. No caso dos concretos ordinários existe
uma rede de macroporos que permite o acesso mais rápido e constante às
partículas de cimento para promover a hidratação, enquanto que, para o CED os
mecanismos se dão mais lentamente, sob a ação de meniscos em capilares; a água
tende a ser consumida preferencialmente para a hidratação interna do que para ela
ser evaporada.
Da menor porosidade advém a menor
permeabilidade, e a maior durabilidade.
Os CEDs não são isotrópicos como
nos casos do concreto convencionais, podendo ter eles o desempenho diferenciado
em função da direção do esforço. Isto pode ser em decorrência da elevada
resistência da pasta, a qual se constitui em uma unidade diferenciada em
relação aos casos das pastas dos concretos ordinários.
Aspectos da resistência mecânica do CED
O CED tem o seu ganho elevado de
resistência mecânica por meio da hidratação do cimento, como nos casos dos
concretos convencionais, e ainda, sofre a influência da cimentação promovida
pelos finos; e ainda, existe o “efeito fíler”, promovendo a obturação de poros
e o por consequência o aumento da densidade.
Da redução da quantidade de água,
por meio de aditivos, se permite incrementar o valor da resistência mecânica a
níveis bastante elevados quando comparados aos casos dos concretos
convencionais. Algumas considerações podem ser feitas.
A primeira delas é que, sendo as
contrapartidas de resistência dadas entre as partes agregado e pasta, esta
passa a ter maior responsabilidade do que nos casos de concretos convencionais,
e, a resistência mecânica alcançada passa a depender também da escolha do tipo
de agregado. Muitas vezes, o tipo de agregado presente em uma dada região pode
limitar as potencialidades de resistência para um caso de CED. Agregados
graúdos são então selecionados para os estudos de dosagem.
Quanto à otimização da pasta, Tutikian
et all [1] consideram que a Lei de Abrams deve ser particularizada para cada
tipo de estudo em particular, com base nos tipos de finos que forem adotados.
A eficácia do teor de finos pode
variar para cada caso, quando se considera diferentes condições de pasta. Por
exemplo, para o caso de um concreto de menor resistência, este provavelmente
tem a pasta mais porosa do que daquele que apresenta um valor maior de
resistência. Então, o teor de finos pode exercer melhor influência para o caso
do concreto com menor resistência.
Um aspecto peculiar aos concretos
de elevada resistência é o da sua fragilidade. Não obstante ele possa
apresentar deformações maiores do que as dos concretos convencionais, estas se
tornam menores quando são referenciadas aos valores da resistência alcançada.
Em face da fragilidade destes concretos, se tem desenvolvido os concretos com
fibras, de modo a poder aumentar as suas ductilidades.
Aspectos tecnológicos do CED
O CED é adensado muitas vezes por
vibração, e para tanto ele deve apresentar um grau de consistência compatível.
As condições favoráveis à
trabalhabilidade do CED podem ser alcançadas pelo uso de aditivos
superplastificantes, visto que, estes trabalham sob condições de baixos valores
quanto à relação “água/cimento”, e relações “água materiais secos”. Ainda, de
modo geral o CED conta coma incorporação de adições minerais.
A quantidade de
superplastificante deve ser considerada de modo a poder evitar a excessiva
incorporação de ar, ou a segregação aos concretos.
Estudo de compatibilidade devem
ser feitos com objetivos de se avaliar a melhor eficácia do superplastificante
com relação ao tipo de cimento utilizado. De modo geral estes envolvem a
avaliação do fluxo da mistura do cimento juntamente com o superplastificante, através
de um funil, dentro de intervalos de tempo, de modo a se perceber variações no
fluxo e na consistência.
O tempo e a consistência são de
interesse dentro do processo construtivo, pois definem o intervalo de tempo
onde são boas condições de manuseio para com o concreto. Dentre os fatores que
afetam a consistência têm-se o tipo de cimento, especialmente com respeito ao
calor de hidratação, a quantidade de C3A e de álcalis (pois aceleram
a cinética química); a finura; a temperatura externa; e a consistência inicial.
Outro aspecto importante relativo
à tecnologia do CED é o processo de cura. Sendo o processo de endurecimento do
concreto resultante da hidratação do cimento, uma preocupação tem sido
levantada, pois, sendo baixa a relação “agua/cimento”, somada à presença da
microssílica (quando for o caso), uma autodessecação pode ocorrer no concreto,
impedindo a formação do ambiente de saturação necessário para o desenvolvimento
das reações de hidratação. O problema pode ser agravado pela selagem da
superfície, dificultando a entrada de água do meio externo para compensar a que
é perdida pela autodessecação. Em face disto, a cura imersa recebe uma atenção
relevante sobre as outras, como forma de se atenuar a situação.
Seleção de materiais para o CED
Recomenda-se o uso de cimentos
que apresentem um bom conteúdo ativo, que não apresentem calor de hidratação
excessivo, e com finura compatível de modo a não requerer elevada quantidade de
água de amassamento. DAL MOLIN et all [2], considera aquele que apresenta menor
variabilidade em termos de resistência à compressão”. MEHTA e AITCIN [3]
comentam que com qualquer tipo de cimento é possível produzir concretos de alta
resistência, sendo preferível, no entanto, o cimento Portland comum e aqueles
com elevados teores de C3S e C2S. GJORV [4] atribui
importância ao tipo de cimento no que tange à necessidade de água e trabalhabilidade
da mistura, para os quais os fatores de controle são o conteúdo de C3A
e a granulometria do cimento”.
O CED tem sido produzido com a
utilização dos tipos de agregados mais conhecidos, como basalto, seixo rolado,
gnaisse, calcáreo e outros. Conforme DAL MOLIN et all [2], uma particularidade
para o agregado graúdo é o diâmetro máximo deste. De modo geral, recomenda como
limite para diâmetro máximo o valor de 19 mm, aceitando-se com restrições o
valor de 25 mm. Aspectos como a integridade dos materiais, e a diminuição da
superfície capaz de reter água durante a exsudação do concreto fresco, retida
normalmente na zona de transição entre o agregado e a pasta, são fatores que
podem ser favorecidos por meio da diminuição do tamanho médio do agregado. Ainda,
os que apresentam o maior diâmetro máximo estão sujeitos a apresentar falha. Os
de dimensões menores tendem a apresentar melhor integridade e menor
concentração de tensões.
O cimento Portland, dentro do seu
processo químico de hidratação, libera o hidróxido de cálcio como subproduto de
reação, Ca(OH)2, o qual a permanecer solúvel na massa de concreto,
ou sujeito à reações químicas indesejáveis. As pozolanas, termo designado às
adições minerais mais antigas utilizadas, e aos materiais que gozam de mesma
propriedade, podem ser úteis para fixar esta cal hidratada livre no concreto,
além de combater também as reações álcali-agregado.
Recentemente, a indústria do
concreto vem utilizando-se da microssílica. Esta é resultante da oxidação do
SiO, subproduto da produção do silício metálico, com a formação do SiO2 , apresenta o diâmetro médio de 0,2mm, e superfície específica de
20.000 m2/kg. Dada a sua composição química, onde a sílica
representa aproximadamente 95%, e a elevada finura, o material tem excelente
comportamento pozolânico. A presença da microssílica promove melhorias no
concreto, com a fixação da cal hidratada livre, de modo a diminuir os seus
poros, e se evitar reações químicas desfavoráveis.
Outros tipos de adições podem ser
o metacaulim, produzida a partir da calcinação de argilas, e a cinza de casca
de arroz, produzida a partir da calcinação da cinza de casca de arroz.
Nem todas as adições minerais
possuem obrigatoriamente o comportamento pozolânico, mas tem em comum o fato de
elas apresentarem elevada finura; desta forma elas podem atuar de modo a
obturar poros, e atuar com o efeito fíler, como já apresentado, contribuindo
para o aumento da massa específica aparente e a diminuição da permeabilidade do
concreto.
Os aditivos são a base de
policarboxilatos. O superplastificante pode conferir condições particulares de
fluidez aos concretos, com base em mecanismos eletrostáticos e estéricos, que
promovem a melhor defloculação do cimento, e a dispersão.
O comportamento mecânico particular do CED, em função das características
e interação dos materiais
Para o caso dos concretos convencionais,
a resistência mecânica dos agregados é normalmente superior à resistência
mecânica da pasta endurecida, sendo esta última geralmente o elo mais fraco do
concreto. Contudo, para o caso do CED, em face do nível da resistência mecânica
que pode ser alcançado pela pasta, e do nível de cimentação envolvido entre as
partes, algumas diferenças podem ocorrer quanto a caracterização da resistência
mecânica e a ruptura, ou do modo pelo qual ela ocorre, quando comparados aos
casos dos concretos ordinários.
Figura 1: Modo de ruptura de um
concreto convencional, através da pasta
No Quadro 01 um exemplo é
apresentado conforme GONÇALVES et all [5]. Generalizam os autores que o valor
da resistência mecânica é controlado pelo valor da resistência do elo mais
fraco, que podem ser distinguidos como: o agregado, a pasta, ou a ligação. Para
casos de os agregados utilizados no concreto serem o gnaisse ou granito, o
valor da resistência mecânica é controlado pelo valor da resistência da rocha,
enquanto que, para o caso do traquito, o valor da resistência global já é
controlado pelo valor da resistência da pasta. Para os casos do calcário e do
seixo, os valores são controlados pela superfície de transição, visto que, o
primeiro deles apresenta valores de resistência mecânica próximos aos da pasta,
e, no segundo caso, existe o problema de aderência da pasta à superfície.
Quadro 01: Valores de resistência à
compressão da rocha, argamassa padronizada, e do concreto em condições padrão
para a relação água/cimento
fc (MPa)
|
Gnaisse
|
Traquito
|
Calcáreo
|
Granito
|
Seixo
|
Rocha
|
76,6
|
178,3
|
95,0
|
78,5
|
110,0
|
Argamassa
|
93,2
|
93,2
|
93,2
|
93,2
|
93,2
|
Concreto com
a/(c + ms) = 0,27
|
79,8
|
90,7
|
73,2
|
82,0
|
71,8
|
Fonte: GONÇALVES et all [5]
Observações: “a” representa a
quantidade de água, “c” representa a quantidade de cimento, e “ms” representa a
quantidade de microsílica por m3 de concreto.
Ainda quanto aos tipos de
agregados, e diâmetros máximos adotados, um conjunto de resultados
experimentais envolvendo vários tipos de agregados e diâmetros máximos é
apresentado no Quadro 02. Nesta apresentação observa-se que o diâmetro máximo
maior para alguns casos representou o caso de maior resistência mecânica para o
conjunto, ao se considerar o mesmo tipo de agregado.
Quadro 02: Valores de resistência à
compressão para concretos de elevado desempenho produzidos a partir de
diferentes tipos de agregados com diâmetros máximos diferentes
9,5
mm
|
19
mm
|
25
mm
|
||
Granito
|
14
dias
|
75,33
|
72,35
|
69,97
|
Gnaisse
|
69,88
|
71,95
|
72,17
|
|
Basalto
|
73,42
|
73,09
|
62,15
|
|
Diabásio
|
75,24
|
75,25
|
75,07
|
|
Calcáreo
|
-
|
70,69
|
70,66
|
|
Granito
|
28 dias
|
76,54
|
86,32
80,69sc
|
85,54
82,11sc
|
Gnaisse
|
86,05
|
88,91
|
75,45
|
|
Basalto
|
81,67
|
84,69
84,88sc
|
83,80
|
|
Diabásio
|
87,93
|
87,86
93,63
|
75,34
85,08sc
|
|
Calcáreo
|
-
|
75,85
79,86sc
|
74,62
|
|
Granito
|
56
dias
|
90,90
|
92,40
|
94,60
|
Gnaisse
|
99,70
|
96,5
|
98,74
|
|
Basalto
|
91,70
|
90,20
|
86,20
|
|
Diabásio
|
103,70
|
103,70
|
92,00
|
|
Calcáreo
|
-
|
82,40
|
88,10
|
|
Nota: sc- corpo de prova sem capeamento, com topos
retificados.
|
Fonte: PEREIRA NETO & DJANIKIAN
[6]
Um estudo de caso envolvendo o
módulo de elasticidade e o tipo de agregado utilizado pode ser apresentado
conforme PEREIRA NETO e DJANIKIAN [6], no Quadro 3. Segundo estes autores, os
agregados que melhor influenciaram para o crescimento do módulo de elasticidade
foram os agregados de origem do basalto e do calcário, apresentando valores
aproximadamente iguais a 43,9 GPa e 44,3 GPa. Conforme os autores, o fato de o
calcário ter apresentado valores mais elevados do módulo de elasticidade pode ser
explicado em razão de que os valores individuais dos módulos da pasta e do
agregado são similares, de modo que pode ter ocorrido menor concentração de
tensões nas interfaces entre o agregado e a pasta durante os ensaios, as quais
poderiam contribuir para a formação de fissuras, e, além disso, o calcáreo
aparenta ter boa reação com a pasta de cimento Portland, resultando no total em
uma menor fissuração do concreto.
Quadro 3: Módulo de elasticidade. em
GPa, para concretos de elevado desempenho, conforme o tipo e o diâmetro médio
do agregado
Tipo
de rocha utilizado no concreto
|
Dias
de cura
|
Valores
em GPa
|
||
9,5mm
|
19mm
|
25mm
|
||
Granito
|
14 dias
|
31,92
|
31,45
|
31.19
|
Gnaisse
|
32,15
|
33,68
|
-
|
|
Basalto
|
39,21
|
39,06
|
38,51
|
|
Diabásio
|
32,57
|
36,01
|
38,36
|
|
Calcáreo
|
-
|
37,46
|
38,39
|
|
Granito
|
28
dias
|
31,85
|
33,19
|
32,88
35,74sc
|
Gnaisse
|
34,62
|
35,46
|
39,08
|
|
Basalto
|
40,94
|
40,06
44,05
|
42,78
|
|
Diabásio
|
35,37
|
37,53
|
39,31
39,64sc
|
|
Calcáreo
|
-
|
38,89
38,84sc
|
39,92
|
|
Granito
|
56 dias
|
32,89
|
34,28
|
34,78
|
Gnaisse
|
35,37
|
37,60
|
39,73
|
|
Basalto
|
43,14
|
43,96
|
43,11
|
|
Diabásio
|
37,90
|
39,76
|
41,39
|
|
Calcáreo
|
-
|
44,29
|
42,04
|
|
Obs.
sc- corpos de prova sem capeamento com topos retificados.
|
Fonte: PEREIRA NETO & DJANIKIAN
[6]
Quanto à possibilidade de uma
relação direta entre os valores individuais dos módulos de elasticidade dos
agregados, e dos concretos resultantes, consideram os autores que não foi
constatada tal relação. Verifica-se, pelos exemplos referentes à resistência
mecânica à compressão, apresentados em DAL MOLIN et all [2], e por PEREIRA NETO
e DJANIKIAN [6], e pelos comentários sobre o módulo de elasticidade
apresentados PEREIRA NETO e DJANIKIAN[6], que as propriedades dos concretos de
elevado desempenho podem não estar na relação direta dos valores
correspondentes aos agregados individualmente, mas no comportamento do conjunto
pasta e agregado, e das interações correspondentes.
Aspectos de dosagem do CED
Como já referido, o CED apresenta
baixo valor na relação “água/cimento”, sem o comprometimento na
trabalhabilidade, pelo auxílio de aditivos superfluidificantes. O valor da
relação água/cimento muitas vezes tem variado em torno de 0,33 a 0,36.
Uma observação que se faz, porém,
é que, mesmo dentro de valores baixos para a relação “água/cimento”, e com o
uso de aditivos superfluidificantes, verifica-se através de trabalhos de
FERRARI et all [7], FIGUERÓ e GEYER[8], AGNESINI e SILVA[9] e outros, que o
valor da relação “água/materiais secos” adotada muitas vezes se mantém ainda
alta, maior do que 8(%), bem como, o valor da relação “agregado/cimento” é
baixo, menor do que 3,0 ou mesmo 2,5, implicando-se em um consumo elevado de
cimento por metro cúbico.
Em ABCP [10], o consumo mínimo de
cimento por metro cúbico para o CED é dado por 450 kg, podendo chegar até 600
kg; já os agregados graúdos podem variar de 1000 a 1100 kg, enquanto que os
agregados miúdos podem estar na faixa de 450 a 600 kg por metro cúbico de
concreto. Ainda com base em ABCP (1997), a relação água/cimento pode variar
entre 0,2 a 0,4, e o superfluidificante entre 0,3 a 2,0%, com relação ao peso
do cimento.
Tutikian et all[1] apresentam o
teor de superplastificante com relação ao consumo de cimento e o consumo de
água por metro cúbico de concreto conforme o Quadro 4:
Quadro 4: Teor de superplastificante
com relação ao consumo de cimento e o consumo de água por metro cúbico de
concreto
Ponto
de saturação do aditivo
|
0,6
|
0,8
|
1,0
|
1,2
|
1,4
|
Água
(kg/m3)
|
120 a 125
|
125 a 135
|
135 a 145
|
145 a 155
|
155 a 165
|
Fonte: Tutikian et all [1]
Cabe considerar que a indústria
de superplastificantes está passando sempre por uma constante evolução.
A sílica ativa deve estar entre 7
a 15% com relação ao peso do cimento, variando conforme a relação
“água/cimento” e a porosidade esperada.
Considerando-se valores médios
intermediários para o consumo dos materiais, dentro da faixa sugerida em ABCP
[10], obtêm-se para o concreto produzido os valores de 0,3 para a relação
água/cimento; 3 para a relação agregado/cimento, e 7,29% para a relação
água/materiais secos.
DE LARRARD et all [11] apresentam
estudos para CED envolvendo traços mais pobres em cimento, e menor valor na
relação água/materiais secos, com expectativa de elevada resistência. Os
valores são apresentados no Quadro 5:
Quadro 5: Relação de consumo de
materiais para concreto, conforme DE LARRARD et all [11]
x
|
x*
|
H(%)
|
m
|
aditivo
(%)
|
microssílica
(%)
|
|
M80
|
0,35
|
-
|
5,98
|
4,85
|
1,75
|
-
|
M100
|
0,34
|
0,31
|
6,2
|
4,63
|
3,3
|
11
|
* a microssílica está incluída no
cálculo
M se refere à resistência média de
compressão aos 28 dias de cura
A microssílica tem sido um
assunto de discussão pelos pesquisadores, onde, para alguns, esta deve ser
limitada em até 10% com relação ao teor do cimento (AGOSTINI & NUNES [12]),
enquanto que, de acordo com informações advindas de SPEGLISH & DUCATTI
[13], considera-se que este pode ser estendido em até 25%, embora o ganho de
resistência, de modo geral, seja tão pequeno acima do teor adotado de 10%, e de
modo que não se justifique economicamente.
As classes de resistência do CED
De acordo com ABNT NBR 8953:1999 o CED pode ser enquadrado nas seguintes condições:
Classe I: 20 a 50 MPa
Classe II: 55 a 80 MPa
Referencias
[1] TUTIKIAN, B.F; ISAÍA, G.C; HELENE, P. Concreto de alto e ultra
desempenho In: Concreto, ciência e
tecnologia, vol 2, IBRACON/Geraldo Isaía, 2011, p. 1283-1325
[2] DAL MOLIN, D. C; VIEIRA, F.M.P; WOLF,J. Concreto de alta
resistência. Concreto de Alto desempenho.
Associação Brasileira de Cimento Portland, São Paulo, 1997, n.p. Edição em
CD-ROON.
[3] MEHTA, P.K.; AITCIN, P.C.
Principles underlying production of high-performance concrete. Cement,
Concrete and Aggregates, Philadelphia, v.12, n.2, p.70-78, Winter, 1990.
[4] GJORV, O.E.
High-strength concrete. In:
ADVANCES IN CONCRETE TECHNOLOGY, Athens, 1992.
Proceedings... Montreal: CANMET, 1992. p.21-77.
[5] GONÇALVES, J.R.A.; ALMEIDA,
I.R.; SHEHATA, L.C.D. Influência do tipo
de agregado graúdo nas propriedades do concreto de alta resistência. In: REUNIÃO ANUAL DO IBRACON, 36., 1994,
Porto Alegre. Anais... São Paulo: IBRACON,
1994. v.1, p.339-352.
[6] PEREIRA NETO, P.M; DJANIKIAN, J.G.
Algumas características do módulo de elasticidade de concretos de alta
resistência. Ibracon, São Paulo, 12,
p.29-35, 1996.
[7] FERRARI, A.A; FLOR, J.M; CALIXTO,
J.M. Propriedades mecânicas do concreto de alto desempenho. In: JORNADAS
SUDAMERICANAS DE INGENIERIA ESTRUCTURAL, 27, Tucumán, 1995. Anais... Tucumán, A.S.A.E.E, 1995,
p93-102.
[8] FIGUERÓ, I.C; GEYER, A.L.B.
Concreto de alto desempenho para obras convencionais no Rio Grande do Sul. In:
In: JORNADAS SUL-AMERICANAS DE ENGENHARIA ESTRUTURAL, 28, São Carlos, 1997. Anais... São Carlos, A.S.A.E.E, 1997,
p1977-1983.
[9] AGNESINI,M.V.C; SILVA, L.F.
Concretos de alto desempenho- Estudo de dosagem de microconcretos para
pré-fabricados de pequena espessura. In: JORNADAS SUL-AMERICANAS DE ENGENHARIA
ESTRUTURAL, 28, São Carlos, 1997. Anais...
São Carlos, A.S.A.E.E, 1997, p1985-1993.
[10] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO
PORTLAND (ABCP) Concreto de Alto
desempenho. São Paulo,1997. np. Edição em CD-ROON.
[11] DE LARRARD, F; BELLOC, A; BOULAY, C. Proprietes mécaniques jusqu’à l’âge de 90
jours. Raporte cientifique- Project National BHP 2000, Paris, 1996.
[12] AGOSTINI, L.S; NUNES, N, L.
Método de cura para concreto de alta resistência. Ibracon, São Paulo, agosto-setembro, p23-30, 1996.
[13] SPEGLISH, M.E; DUCATTI, V.A.
Verificação da influência do tipo de cura na resistência à compressão do
concreto de alto desempenho. In: REUNIÃO ANUAL DO INSTITUTO BRASILEIRO DE
CONCRETO, 39, São Paulo, 1997. Anais... São Paulo, IBRACON, 2, 1997,
p611-675.