Tecnologia das argamassas
Marco Antônio de Morais Alcantara
Procuraremos neste texto falar um pouco sobre as argamassas, quanto às suas peculiaridades, evolução, tipos e disponibilidade. Será dada importância às argamassas que são à base de aglomerantes quimicamente ativos. Também, o desempenho delas será discutido com base nos materiais constituintes, de suas propriedades e da função que atuam no conjunto. Em primeiro lugar, as argamassas à base de cal.
As argamassas de cal
O princípio ativo da cal está no
seu ciclo de reações químicas, onde, da fabricação, por meio de processo térmico, da rocha carbonato
de cálcio se alcança a obtenção do óxido de cálcio mediante a perda de gás carbônico; este óxido
de cálcio é a cal viva, a qual, pela adição de água, segue à sua extinção, sendo o processo notadamente exotérmico; produz-se o hidróxido de cálcio ou a cal
hidratada, ou ainda, a cal extinta. Finalmente, mediante a reação entre a cal hidratada e o gás carbônico, do ar, temos a recarbonatação, com a formação do carbonato de cálcio, o qual se torna o elemento resistente e aglomerante.
As mesmas propriedades do
carbonato de cálcio são conferidas ao carbonato de magnésio, possibilitando
também o ciclo do magnésio, sendo este com atuação mais lenta do que o do
carbonato de cálcio.
As cales que conhecemos no
mercado são de maneira geral compostas pelos dois tipos de carbonatos, o de cálcio e o de magnésio, de modo
a haver um melhor aproveitamento das jazidas. Também, podem conter impurezas,
tais como elementos clinquerizados, argila calcinada, areia, e siltes. O seu
teor em óxidos totais, de cálcio ou de magnésio, dão um indicativo de sua pureza
e da reatividade, não devendo ser menor do que 88%.
As cales podem sofrer variações
quanto tempo médio de extinção, podendo ser enquadradas como de extinção rápida,
média ou lenta.
Historicamente as cales eram
extintas na obra, requerendo uma série de cuidados; em primeiro lugar, com
relação à energia liberada no processo. Sendo o processo por natureza exotérmico, este pode colocar em risco até mesmo a segurança de operadores, os quais
podem sofrer queimaduras. Por outro lado, no caso de a cal ser de extinção
muito lenta, ou diante da presença de cal magnesiana, o tempo de extinção deve
ser suficientemente longo para que toda cal esteja extinta, de modo que
alguma partícula não venha a sofrer este processo já quando estando no reboco, gerando
microfissuras.
Neste sentido, a cal já extinta,
adquirida no comércio, vem a contornar este tipo de dificuldades operacionais, além de
se tornar prática a construção, inclusive ganhando tempo.
A cal é marcada pelas suas
propriedades de retração. Uma pasta de cal não seria viável, mas a argamassa de
cal sim. A areia incorporada à argamassa tem por finalidade minimizar os efeitos da retração, conferir
porosidade à argamassa, de modo que o gás carbônico possa ter melhor acesso ao
interior da argamassa e assim ter contato com a cal, e ainda, de absorver esforços mecânicos
da argamassa.
O processo de recarbonatação da
cal é relativamente lento, no caso de revestimentos, da ordem de 30 dias, e por
essa razão ele deve ser respeitado, não devendo, por exemplo, aplicar a pintura
antes, de modo que venha a impermeabilizar o revestimento, e impedir o processo de recarbonatação da cal.
As argamassas de cimento
Estas são constituídas pelo uso
do cimento Portland como aglomerante. Este é um aglomerante hidráulico, e tem o
seu mecanismo de ganho de resistência através das reações de hidratação dos seus elementos ativos, a saber, os aluminatos de cálcio e os silicatos de cálcio.
As argamassas de cimento
apresentam maior resistência mecânica do que as argamassas de cal, assim como, um tempo menor de cura.
As argamassas mistas de cal e cimento
As argamassas, quando feitas somente à base de cal ou de
cimento, oferecem algum tipo de limitação.
Embora mais resistentes, as
argamassas de cimento tendem a ser mais rígidas, e quebradiças. Apresentam baixa resiliência. As argamassas feitas com cimento e cal tendem a apresentar maior resiliência, capacidade de absorver impactos e deformações, e minimizar as retrações.
Além do estado endurecido, no estado fresco as argamassas têm
requisitos de aplicação. Estes podem ser compreendidos como a plasticidade, a
retenção de água, e a adesão ao substrato. As argamassas de cimento unicamente podem apresentar fissuração, decorrente da evaporação da água de amassamento, e da retração do cimento; também tem menor condição de plasticidade, retenção de água e de adesão ao substrato. Neste sentido a cal tem a
oferecer em contrapartida estas propriedades, de modo a valorizar as argamassas
mistas de cal e cimento.
Argamassas à base de cimento, pós não reativos e resinas
Estas argamassas se destinam a aplicações onde se requer resistência mecânica, retenção de água e adesão ao substrato, para a aplicação em revestimentos. O cimento, aglomerante hidráulico, é o responsável pelo endurecimento, enquanto que adições minerais contribuem para o aumento da densidade, e da coesão interna; as resinas em argamassas atuam com papéis particulares, de retenção de água, adesão ao substrato e de impermeabilização.
Quanto aos pós, pode-se ainda falar dos pigmentos, utilizados quando se deseja utilizar em sistemas conhecidos como "monocapas", os quais permitem a criação de argamassa de acabamento.
Estas argamassas são adquiridas prontas à seco no mercado, e são específicas conforme o local onde serão aplicadas, distinguindo-se as condições de exposição e construtivas. Por exemplo, dispõem-se de argamassas para fixação de peças em interiores, sujeitos à condições menos agressivas, e para exteriores; assim como, se as peças serão fixadas em substrato (emboço), ou diretamente sobre a base.
Estas argamassas são adquiridas prontas à seco no mercado, e são específicas conforme o local onde serão aplicadas, distinguindo-se as condições de exposição e construtivas. Por exemplo, dispõem-se de argamassas para fixação de peças em interiores, sujeitos à condições menos agressivas, e para exteriores; assim como, se as peças serão fixadas em substrato (emboço), ou diretamente sobre a base.
Outros tipos de argamassas
Dentro do mesmo escopo que o do último item, atualmente outros tipos de
argamassas podem ser encontrados no mercado, com grande disseminação. Estas procuram ressaltar alguns atributos, tais como, de apresentar um bom rendimento na obra em termos de volume de pasta, ou de
ter melhor condição de manuseio quando comparadas com as argamassas citadas anteriormente, além de também poder oferecer condições favoráveis de penetração e de fixação
ao substrato. Outros aspectos podem ser citados como o aumento da coesão interna, e a menor fissuração. Pode-se considerar entre estas as que são à base de microsilicatos com a adição de cimento, para a posterior adição de areia.
Aditivos para argamassas
No caso de aditivos para argamassas, pode-se considerar os casos de resinas à base de polímeros, para serem adicionadas às argamassas tradicionais de cimento, de modo a poder proporcionar os benefícios da adesão ao substrato, coesão interna e impermeabilidade.
Aditivos para argamassas
No caso de aditivos para argamassas, pode-se considerar os casos de resinas à base de polímeros, para serem adicionadas às argamassas tradicionais de cimento, de modo a poder proporcionar os benefícios da adesão ao substrato, coesão interna e impermeabilidade.
Quanto aos aditivos que podem influenciar nas condições reológicas do estado fresco, pode-se citar os casos de incorporação de ar, conferindo maior coesão interna, plasticidade e condição de "maciez", e os aditivos superplastificantes, que podem contribuir para o aumento da fluidez, em casos de argamassas de reparo.
Alguns aspectos a ser
considerados quando se avalia um tipo de argamassa
-O tipo de aglomerante utilizado;
-quais são os mecanismos de
atuação do aglomerante durante a pega;
-qual é o ganho de resistência
mecânica após a cura;
-qual é o módulo de deformação ou
de rigidez final
-quais são os riscos que apresentam quanto ao desempenho e integridade?
O contexto de aplicação das argamassas do ponto de vista de suas contingências é apresentado neste site em:
https://www.arsaedificativa.com/2017/08/argamassas-contexto-de-aplicacao.html#more
O contexto de aplicação das argamassas do ponto de vista de suas contingências é apresentado neste site em:
https://www.arsaedificativa.com/2017/08/argamassas-contexto-de-aplicacao.html#more
Aplicações técnicas das argamassas
Com base no exposto para as
argamassas, seguem algumas das contingências para os elementos de edificações,
onde elas serão utilizadas:
Revestimento:
Estas devem apresentar boas
condições de fixação ao substrato, integridade, nivelamento e regularização
para o acabamento.
Assentamento:
Estas devem apresentar
espalhamento fácil, espessura coerente para a boa ancoragem do tijolo, e de
modo a não apresentar excessos.
Pisos:
Devem apresentar fácil
regularização, boa adesão, e impermeabilidade.
Fixação de revestimento:
Devem unir solidamente o
revestimento à parede, evitando os descolamentos.
Evolução dos tipos de argamassa
Quanto à evolução das argamassas como tipos e funcionalidades disponíveis, pode-se considerar a evolução das construções, em termos de seus elementos construtivos; do desempenho requerido frente aos novos tipos de construções; do maior conhecimento da ciência dos materiais; do mercado, requerendo maior produtividade; e da evolução tecnológica.