quinta-feira, 27 de maio de 2021

ARGAMASSAS: ALGUNS ASPECTOS SOBRE OS MATERIAIS DISPONÍVEIS E A SISTEMÁTICA DE PRODUÇÃO


Marco Antônio de Morais Alcantara

 As argamassas ocupam importante papel dentro da tecnologia das edificações. Notadamente com as funções de revestimento de paredes, assentamentos de tijolos ou blocos, ou ainda para a fixação de componentes cerâmicos, ou assentamentos de pisos; estas devem atender, além dos aspectos relativos à sua reologia, às exigências quanto ao rendimento, e à produtividade, sem comprometer a qualidade. Neste sentido, se discutirá sobre um panorama acerca dos materiais, equipamentos e sistemática de execução, conforme os “modus operandi” pelos quais elas são produzidas. O meio técnico tem oferecido uma série de opções, já há algumas décadas, de modo a poder facilitar a produção e a aplicação de argamassas.


Os materiais

O primeiro ponto a ser discutido é o dos materiais. A escolha dos materiais pode implicar nas propriedades e nas características das argamassas. Mas procura-se falar aqui sobre a tecnologia da produção, e dos materiais que se encontram previamente preparados. Já há bastante tempo dispõe-se no mercado da cal hidratada, passo que dispensou a etapa da extinção da cal em obra, a qual é uma operação periculosa, conforme a sua reatividade; demanda de tempo, e necessita-se da segurança de que toda cal esteja extinta. A cal hidratada veio a facilitar o trabalho de extinção, e facilitar o tempo na obra, além de se garantir homogeneidade do produto.

As argamassas de cal são argamassas aéreas, e demandam tempo para a cura, e para a aplicação do acabamento, a pintura. Com o advento das argamassas mistas, o cimento contribui com hidraulicidade e a cal com resiliência e melhoria da ductilidade da argamassa; além da retenção de água e da melhoria da plasticidade do material no estado fresco.

Com o advento da argamassa pronta, a proporção dos materiais pode se encontrar previamente estabelecida, sendo na obra feita a incorporação de água, buscando-se encontrar as condições adequadas de consistência.

Aditivos podem ser incorporados as argamassas, de modo a se ajustar ou a realçar propriedades; dentre eles podem ser citados os fluidificantes, que interferem nas condições reológicas das argamassas; os aditivos incorporadores de ar, que podem melhorar a coesão interna das argamassas, tornando-as mais “macias”; os aditivos poliméricos podem contribuir para a melhoria das condições de adesão ao substrato, assim como, os aditivos impermeabilizantes podem contribuir para a redução da permeabilidade. Ainda se consideram os finos que são incorporados para a melhoria da granulometria, facilitando a penetração em poros dos substratos, e os pigmentos, que podem atribuir cor e dar o acabamento.

Quanto à função, podem ser consideradas as argamassas de regularização, de modo a conferir “espessura”. Em alguns casos pode-se contar com um sistema único que exerça a função de emboço e de reboco; ou ainda, em monocamada com pigmentos, de modo a poder constituir o acabamento.

Argamassas colantes têm a finalidade de serem usadas na fixação de peças cerâmicas, promovendo boa condição de adesão no substrato, assim como se dispõe de argamassas para pisos, com o mesmo princípio; e existe em particular os casos do assentamento de porcelanato, com baixa porosidade, onde argamassas produzidas com materiais finíssimos conferem boas condições de ancoragem; são utilizadas ainda, no caso de assentamento de piso sobre piso, argamassas onde a aderência se dá de modo químico.

Finalmente, se apresentam as argamassas para rejuntamento de peças cerâmicas, dotadas de pigmentos.


Modo de produção

Uma questão que pode se discutir é sobre o fato de a argamassa ser virada na obra, ou de ser argamassa pronta.

A argamassa industrializada, conta como operações apenas a incorporação de apenas água na obra, e a mistura. Pode ainda conter aditivos necessários, conforme os requisitos particulares. Por serem ser produzidas sob condições sistemáticas, garantem maior homogeneidade, e também maior produtividade, pela diminuição das operações.

As argamassas viradas na obra, por sua vez, têm a incorporação dos seus insumos no canteiro, assim como, o misturador normalmente é uma betoneira. De algum modo se levantar os problemas de logística envolvendo o transporte dos insumos até o local da mistura, e a acomodação destes, requerendo cuidados para não ocorrer a deterioração; desta forma se incorporam rotinas à produção.

De modo geral, quando as argamassas são viradas na obra, são apontadas possíveis variações na qualidade dos insumos, e na sistemática de execução, resultando em variações em termos da consistência e do rendimento.

Uma variante do processo é o uso de argamassa pré usinada, onde, os materiais secos são previamente misturados, e cabe à obra a incorporação de água e de aditivos. Isto permite a preparação de argamassas mais homogêneas, em quantidades maiores sob as mesmas condições de consistência, ainda diminui as etapas de preparação e de repetições da mistura.

Para este último caso pode-se utilizar de cimento à granel, de modo a facilitar disponibilização do cimento para o armazenamento e para a fabricação da argamassa.


Dos equipamentos para a produção de argamassas

Algumas soluções têm surgido em especial na área de fabricação e aplicação de argamassas. Pode-se contar com misturadores, normalmente à base de um equipamento rotativo e uma caixa recipiente. Desta forma se alcança maior velocidade na produção, redução do tempo e maior padronização das misturas. De diferentes velocidades aplicadas, se obtém diferentes tipos de argamassas.

Ainda se pode falar de argamassadeiras horizontais com um sistema misturador. Este tipo de equipamento conta diferentes capacidades para a cuba estimada, assim como a capacidade de mistura por tempo.

Com relação à aplicação da argamassa ao substrato, conta-se com sistemas de projeção de argamassas, por sistema mecanizado. O equipamento é composto basicamente por bomba projetora, mangote para argamassas, sistema de ar comprimido, e pistola de projeção. Pode-se distinguir para este tipo de equipamento a capacidade da cuba, variável conforme o equipamento; a capacidade de bombeamento dada em m3/hora, também variável.

Ainda se pode falar dos aplicadores de argamassa, que permitem aplicar a argamassa dentro da espessura especificada, e dotadas de “dentes” que permitem fazer ranhuras para a colocação das peças.