A
ativação alcalina constitui-se em um processo de interação de
materiais, caracterizado pela degradação e solubilização de
elementos inorgânicos por um ataque alcalino, com a posterior
coagulação, condensação e cristalização interna, e podendo ou não ocorrer o surgimento de uma estrutura organizada e resistente, dotada de
propriedades estruturais.
De
modo geral, os materiais mais conhecidos, passíveis de sofrer o
ataque alcalino com a reorganização na forma de produtos cimentantes são os aluminossilicatos, escórias, metacaulim e
cinzas volantes; e as bases alcalinas conhecidas são o hidróxido de
sódio (NaOH), hidróxido de potássio (KOH), ou sais básicos, como
o silicato de sódio e de alumínio. Os materiais que recebem o
ataque alcalino são chamados normalmente de “precursores”,
enquanto que os que promovem o ataque são chamados de "ativadores".
Dentro
do universo dos materiais inorgânicos alguns processos também
exibem a ocorrência de promover um ataque alcalino, com a
concomitante solubilização de elementos inorgânicos, e com
posterior cimentação, tal como é caso do processo pozolânico,
onde, o hidróxido de cálcio Ca(OH)2 atua como uma base
forte, promovendo a dissolução de elementos ou substâncias tais
como a sílica (SiO2) e a alumina (Al2O3),
e fixando-as com a formação de silicatos de cálcio hidratados em
forma gel, mesmo em condições submersas.
Ainda
pode-se considerar que o próprio cimento Portland, o qual apresenta
atuação em ambiente alcalino, e os seus constituintes hidratados se
mantém estáveis preferencialmente dentro desta condição.
A
história da concepção e do conceito acerca dos materiais
alcalinamente ativados
Segundo
Torgal e Jalali (2009), a discussão sobre os ligantes por ativação
alcalina remontam a década de 40, na Bélgica, sendo Purdon (1940),
a referência. Purdon (1940) apresenta o processo de ativação
alcalina das escórias em duas fases: (i) uma fase inicial onde
ocorre a liberação de sílica, alumina, e hidróxido de cálcio,
(ii) uma outra fase posterior, de formação de silicatos e de
aluminatos de cálcio hidratados. O papel do hidróxido dos metais
alcalinos consistia em agir como catalisador do processo.
Glukhovsky
(1959) buscou encontrar um relacionamento entre a ativação alcalina
e os materiais utilizados as construções históricas, tais como as
pirâmides egípcias e as construções romanas. Constatou o autor
que os materiais destas construções apresentavam como constituintes
aluminossilicatos cálcicos hidratados, em semelhança com os do
cimento Portland, e ainda, de fases cristalinas como as que são
encontradas em analcitas, minerais da crosta.
Em
face a estas observações, Glukhovsky buscou a construção de um
material constituído a base de aluminossilicatos moídos com a
adição de resíduos industriais ricos em álcalis, o qual ele
denominou de “solo-cimento”, em face de ser constituído a base
de materiais naturais, e de ter propriedades cimentantes (TORGAL e
JALALI, 2009). convém aqui ressaltar que este material, denominado
por solo-cimento, não é compreendido como o material contemporâneo
que temos sob esta mesma denominação.
Outras
observações foram feitas, despertando ainda a atenção dos
pesquisadores, e que tocavam aos atributos quanto à resistência
mecânica e à durabilidade destes materiais. Quanto à natureza da
microestrutura interna, identificações foram feitas acerca destes
produtos de ativação, de onde se encontrou características
similares com as dos produtos que ocorrem no mundo geoquímico,
denominados por “zeólitas”. O processo de formação das
zeólitas, um tipo de mineral formado pela coagulação e reunião de
minerais sob determinadas condições de um ambiente fisico-químico
e aquoso intrigou os pesquisadores e observadores, de modo a haver
alguma semelhança entre o processo de formação das zeólitas e a
microestrutura de alguns materiais alcalinamente ativados.
Esta
visão de microestrutura, em termos de arranjos formados, veio a ser
anunciada como uma confirmação através das pesquisas e dos
resultados de Davidovits (1979), um pesquisador francês. Este se
ocupou da ativação alcalina do caulim e do metacaulim, concluindo
que a estrutura formada assume uma configuração espacial a partir
da reunião das unidades minerais básicas, a qual ele denominou por
“geopolímero”.
Este
termo “geopolímero” tem sido apontado como que o produto final
da ativação, restritos a alguns dos casos de ativação alcalina,
em particular com a ativação de aluminossílicatos. Com relação à
unidade básica do polímero inorgânico, Davidovits (1987) denominou
de Sialato, enquanto que, a estrutura toda formada ele a denominou de
Polissialato.
Esta
compreensão vem sendo adotada até hoje, sendo que os pontos
específicos do processo têm sido os objetos de investigação.
Como
impactos
dos materiais alcalinamente
ativados no mundo técnico,
em tempos recentes, têm-se
que, estes tiveram o
aumento da atenção em face de suas propriedades relevantes, tais
como: a elevada resistência mecânica; as condições promissoras de
durabilidade; a resistência a altas temperaturas; a grande
resistência ao ataque químico; a não sujeição às reações
álcali-agregado; e ainda apresenta elevada adesão aos elementos
metálicos e não metálicos; baixo custo, e baixas emissões de CO2
quando na fabricação (DUXSON et al, 2007). Palomo et al
(1999) o consideraram como o “aglomerante do futuro”.
Distinção
entre os principais tipos de precursores
De
modo a se compreender melhor os materiais inorgânicos cimentantes,
dentro de um quadro geral, a Figura 1, ilustrada conforme as
informações apresentadas em Provis (2013), procura exibir os
materiais com caráter alcalino, em função da quantidade de três
substâncias fundamentais de atuação no mundo inorgânico: o
cálcio, o alumínio e os álcalis. Cada eixo corresponde a um
elemento ou substância, quando considerado o crescimento do
conteúdo.
Figura 1: Tipos de materiais inorgânicos conforme o crescimento dos
teores de Ca, Al e Álcalis
Dentro do objetivo de se caracterizar os materiais precursores, estes
são considerados quanto ao teor de cálcio (Ca) em composição,
distinguindo-se os que são ricos em Ca e pobres em Ca.
Os
materiais que tem o Ca como elemento importante na formação de
compostos cimentantes são: o cimento Portland e as escórias de
alto-forno, enquanto que, os que tem baixo teor de Ca são
representados pelos aluminossilicatos, metacaulim e cinzas volantes,
os quais apresentam os produtos de neoformação construídos à base
de SiO2 e de Al2O3.
Os
compostos à base de Ca requerem menor energia de ativação,
enquanto que, para o outro grupo, estes já requerem maior energia de
ativação.
Quando
se trata de materiais com baixos teores de Ca, estando o processo
dependente da sílica e da alumina, ativados por uma base alcalina,
pode se caracterizar a formação das estruturas denominadas por
geopolímeros.
Os
principais ativadores
Os
principais ativadores alcalinos que têm sido utilizados são
compostos à base de hidróxido de um metal tipo alcalino terroso, de
modo geral à base de sódio ou de potássio. Ainda, pode ser
incorporado o silicato de sódio, nSiO2Na2O,
junto com o hidróxido sódio, sendo que, em associação, os efeitos
são surpreendentes, pois eles podem atuar em sinergia.
Representação dos produtos resultantes do mundo alcalino
De
modo a se obter a compreensão e a configuração dos materiais no
mundo alcalino, apresenta-se as Figuras 2 e 3, ilustradas conforme as
informações de Scriviner e Nonat (2011). Na Figura 2 são
apresentados os tipos de materiais que podem ser representados,
conforme as suas proporções entre a sílica, a alumina e a cal, e
na Figura 3, são apresentados os tipos de produtos que são
preferencialmente formados por estes insumos, após a hidratação.
Figura 2: Materiais inorgânicos cimentíceos e precursores, conforme
o teor de CaO, SiO2 e Al2O3
Figura 3: Produtos formados após a hidratação, conforme o teor de
CaO, SiO2 e Al2O3
Observa-se que os materiais alcalinamente ativados estão situados no
gráfico em regiões diferentes com relação aos produtos do cimento
Portland.
O elenco dos materiais ativados e do Portland, que são
produzidos em meio alcalino podem ser compreendidos como:
-O
cimento Portland:
Este
é produzido a partir da calcinação de materiais calcáreos e
argilosos, do que resulta em um material denominado por “Clínquer”.
O clínquer, quando moído à finura do cimento, apresenta propriedades
aglomerantes a partir da hidratação dos silicatos e dos aluminatos
de cálcio, sendo os aluminatos os responsáveis principais pelo
calor de hidratação, enquanto que, os silicatos são os
responsáveis pela formação de uma estrutura gel que confere a
resistência ao cimento.
O Quadro 1 apresenta, conforme informações de Neville (2016) os elementos químicos formadores, os óxidos formados, e os componentes do cimento Portland, dentro de uma sequência gradual, à partir dos elementos mais básicos aos compopnentes do Portland. Também se destaca a aos produtos formados após a hidratação.
Quadro 1: Elementos químicos, óxidos básicos e produtos finais do cimento Portland.
Elementos constituintes
|
O2
|
Si
|
Ca
|
Al
|
Fe
|
Compostos óxidos
|
CaO
|
SiO2
|
Al2O3
|
F2O3
|
Componentes do cimento
|
C3S
|
C2S
|
C3A
|
C4AF
|
Cimento Portland
|
Vários tipos
|
Produtos da hidratação
|
Gel
|
Ca(OH)2
|
Fonte: Neville (2016)
Existem relaçãoes entre o teor de CaO e dos três óxidos principais, assim como entre estes óxidos, qua podem ser chamados de módulos. Neste sentido têm-se:
O módulo hidráulico: MF= CaO/ [SiO2 + Al2O3 + F2O3
}
.O módulo sílica: MS= SiO2/[
Al2O3 + F2O3]
Módulo alumina-ferro: MAF= Al2O3/
F2O3
Basílio (1979) apresenta os limites inferiores e superiores para os respectivos módulos, no Quadro 2.
Quadro 2: Valores inferiores e superiores para os módulos MF, MS e MAF
| Min | Max |
MF | 1,8 | 2,2 |
MS | 1,7 | 3,1 |
MAF | 1,2 | 3,2 |
Algumas observações importantes podem ser feitas com base nos valores dos Quadros 1 e 2:
-O cimento Portland é predominatemente cálcico..
-Seguido ao CaO, a sílica SiO2 ocupa a segunda posição.
-O óxido de ferro F2O3 está destinado sempre a apresentar o menor teor.
Ao se observar os componentes ativos do Portland, e de maior responsabilidade, de pode inferir sobre a importância dos teores de cada óxido.
Os
componentes ativos do cimento Portland são então 2CaO.SiO2;
3CaOSiO2; e 3CaO.Al2O3, e os
produtos de reação são conhecidos por C-S-H, conforme a
nomenclatura do Portland, representando o cálcio, a sílica e a
água.
É
sabido que da hidratação do cimento Portland é liberado o Ca(OH)2
como subproduto, a cal hidratada. A esta cal, existe a possibilidade
de que ela seja fixada por algum tipo de pozolana, com a formação
de produtos estáveis. Este produto pode ser considerado como C-S-H
(gel).
-Cimento
com escória:
A
“Escória de Alto-Forno” é um subproduto do tratamento do
minério de ferro em alto-forno para a produção do fero gusa.
Devido a um resfriamento brusco, ela é obtida de modo granulada. Ela
é composta basicamente de silicatos e alumino-silicatos de cálcio.
Basílio (1979) considera que na escória de alto-forno são
encontrados cristais de silicatos duplos de cálcio e de alumínio e
de cálcio e magnésio, além dos silicatos monocálcicos e
dicálcicos.
Existem algumas similaridades entre o clinquer de Portland e a escória de
alto-forno. A escória, porém, apresenta propriedades hidráulicas
latentes, mas o seu desempenho frente a hidratação é muito lento,
quando comparado aos dos elementos ativos do cimento Portland; esta
necessita de um ativador, de modo que sejam então despertadas as
suas propriedades hidráulicas, e este ativador é um agente
alcalino, representado normalmente pelo hidróxido de cálcio, ou
pelo hidróxido de potássio. Cabe considerar que a escória não
reage com o hidróxido de cálcio, visto que ela também apresenta a
natureza alcalina; então, o papel do hidróxido de cálcio é o de
ser um catalisador de reação.
Como forma de apresetar que as escórias são predominantementes cálcicas têm-se que as
escórias que realmente tem poder de atuação como aglomerante são
as que atendem às seguintes condições;
[(CaO+MgO)-1/3Al2O3]
/ [SiO2 + 2/3Al2O3 ]
> 1
O
“Cimento Portland de Alto-Forno” pode ser produzido a partir da
moagem do clinquer de Portland e a escória granulada. A cal
utilizada como ativador pode ser da que é liberada da hidratação
do cimento Portland. Os produtos finais da escória após a pega são C-A-S-H.
-Pozolanas-As pozolanas são materiais silicosos ou sílico-aluminosos. A
predominância da composição é a sílica (SiO2) e
alumina (Al2O3), ambas tem a natureza ácida.
Esta não tem atividade aglomerante em si mesma, mas, em função de
sua finura e da sua composição, elas podem reagir com o hidróxido
de cálcio, com a formação de componentes cimentantes, isto mesmo
quando imersos, e os compostos formados são capazes de resistir à
ação de dissolução da água. As pozolanas tiveram origem e
aplicação no meio técnico pelos romanos, quando, na sua utilização
junto com as argamassas de cal, permitiram a criação de argamassas
com propriedades hidráulicas.
De
modo geral, o conceito de “atividade pozolânica” se estende a
todos os materiais inorgânicos que gozam das mesmas propriedades que
as cinzas encontradas pelos romanos, tais como hoje temos o
metacaulim, as cinzas volantes e a sílica ativa, quando são fixados
pela cal na formação de compostos estáveis. Considera-se que a
atuação da pozolana se dá em meio alcalino, de modo que os
componentes minerais possam ser solubilizados, sendo a cal o agente
alcalino. Este é um caso clássico da estabilização de solos com
cal.
-Caso
do caulim, metacaulim e das cinzas volantes: Estes materiais têm sido enquadrados como´ pozolanas, mas aqui o conceito de pozolana está relacionado ao mecanismo de atuação, merecem consideração
especial quando se considera a ativação alcalina pelo hidróxido de sódio ou de potássio. Para o caso da ativação do metacaulim considera-se que
este é pobre em CaO, e rico em alumina e sílica, e os produtos
formados se diferenciam dos anteriores, os quais tinham o CaO como
referência na formação. Os produtos formados são à base da
sílica e da alumina, ganhando o cátion do metal “M” do
hidróxido M+OH, de modo que este tenha lugar por meio de
substituição isomórfica, de modo que os produtos formados sejam
representados por N-A-S-H.
Comparação da eficácia dos materiais inorgânicos quanto à hidraulicidade
Neville
(2016) apresenta na Quadro 3 um elenco de materiais cimentíceos e de
adições, os quais se utiliza para produzir aglomerantes composto, e
o comportamento destes materiais com relação à hidraulicidade por
si mesmos ou quando em atuação com o cimento Portland.
Quadro 3: Características cimentíceas de materiais adicionados ao
aglomerante compostos
Material
|
Característica cimentícea
|
Clinquer de cimento Portland
|
Totalmente hidráulico
|
Escória granulada de alto-forno
|
Hidraulicidade latente, ou em alguns casos sem hidraulicidade
|
Pozolana natural (Classe N)
|
Hidraulicidade latente com o cimento Portland
|
Cinza volante silicosa( Classe F)
|
Hidraulicidade latente com o cimento Portland
|
Cinza volante com elevado teor de caláreo (Classe C)
|
Hidraulicidade latente com o cimento Portland
|
Sílica ativa
|
Ação física, em grande parte, e Hidraulicidade latente com o
cimento Portland
|
Filer calcáreo
|
Ação física, em grande parte, e com leve hidraulicidade latente
com o cimento Portland.
|
Outros fílere
|
Somente inertes, somente ação física.
|
Fonte: Neville(2016)
Uma
observação importante é que, conforme as variações sobre os princípios ativos do cimento, e os mecanismos de atuação, pode-se conhecer as relações para com o clínquer e para com os diversos tipos adições ativas, como a escória e a pozolana, Incorporações são diferentes, o clinquer é o mesmo, e os processos são diferentes.
Os
aluminossilicatos com ativação alcalina constituem em um outro
escopo do estudo.
Os
mecanismos da ativação alcalina
Os
mecanismos da ativação alcalina ainda estão em fase de discussão,
mas, de modo geral eles são compreendidos de forma unânime conforme
alguns estágios.
O
primeiro estágio e o ponto de partida do processo é um ataque
alcalino, do qual resulta a dissolução do material, com a
disponibilização de elementos e substâncias minerais, como a
sílica e a alumina. Junto com a solução, se considera também os
cátions das bases. São destacadas, dentro do processo de
dissolução, as rupturas das ligações Si-O-Si e Al-O-Al com a
posterior formação de oligômeros, a base de silicatos e
aluminatos.
Estes
produtos iniciais de formação podem estar sujeitos à formações
estruturais.
Para
o entendimento da formação estrutural do aluminossilicato de
neo-formação cabe considerar sob como as formas das unidades são
definidas.
Da química e da mineralogia se conhece que o silício pode possuir
uma estrutura tetraédrica, a partir de hibridação, de modo a poder
formar 4 ligações simples com elementos do meio, dentre os quais, o
oxigênio (Figura 3). Em particular, o silício pode-se conectar com
outra estrutura do silício, por meio da conexão do oxigênio, como
ponte; e desta forma, ele pode formar estruturas espaciais em forma
de lâminas.
Figura 3: Estrutura do Silício em sua forma tetraédrica
O alumínio pode apresentar tanto a estrutura octaedral, normalmente
com 3 íons OH- nos vértices, e também a forma
tetraédrica, similar à do silício, mas com valência 3+.
Em face então das semelhanças na morfologia, o alumínio pode
ocupar o lugar do silício na estrutura, quando da formação da
estrutura espacial, conforme a Figura 4.
Figura 4: Associação entre Alumínio e silício na formação de
estrutura
De acordo com Davidovits (1987), as estruturas de Polissialato são
compostas por ânions tetraédricos, [SiO4 ]4-
e [AlO4]3, com o compartilhamento de vértices,
formando unidades básicas.
Conforme
o ordenamento, Davidovits (1987) sugeriu que estas unidades podem ser
tomadas dentro de algumas condições, como as seguintes:
(-Si-O-Al-O-)
(-Si-O-Al-O-Si-O-)
(Si-O-Al-O-Si-O-Si-O-)
Diante
da deficiência de cargas percebidas na estrutura, em particular
entre a sílica e o alumínio, esta vem a ser suprida pelo íon
metálico M+ do hidróxido. O cátion metálico
assume papéis em dois momentos diferentes: quando no momento da
ativação e quebra de ligações, e quando no balanceamento de
cargas finais.
Nos
estágios seguintes estes produtos tendem a se coagular, formar gel,
e se condensarem, com posterior cristalização a nível
tridimensional. Os processos se dão de forma muito rápida e com
fases simultâneas, mas a literatura divide o processo nas seguintes
fases e ordens:
-dissolução;
-coagulação
e formação de gel;
-condensação;
-cristalização.
Duxson
et al, (2006) descrevem os mecanismos apontando para a sequência a
gradativa saída de água do sistema com a formação de gel, a
reorganização e o endurecimento.
Sobre
o caráter de ser espontâneo o processo, e ainda buscando conhecer
os mecanismos da ativação, Alonso e Palomo (2001) realizaram um
estudo de calorimetria durante um processo de ativação do
metacaulim com o hidróxido de sódio, e identificaram picos de
liberação de calor, os quais correspondem às fases de dissolução
seguidos de picos diferenciados correspondentes à suposta
reorganização dos materiais. O picos representavam um processo
eminentemente exotérmico, e sendo a cinética química variável
conforme o teor de ativador.
De
um modo geral, a literatura apresenta de modo genérico a composição
do geopolímero como a dada por Davidovits (1979):
Onde
M é o cation alcalino, n é o grau de policondensação, z é um
número de 1 a 3 distinguindo-se o tipo de polissialato.
As
principais relações entre os constituintes como parâmetros de
controle da qualidade
O parâmetro: SiO2/Al2O3
:
Este
parâmetro normalmente tem sido apresentado pela literatura como que
relacionado à questão da porosidade do material e da resistência
mecânica. Os valores adequados para a relação dependem do tipo de
precursor utilizado assim como do tipo de ativador. De acordo com
Duxson et al (2005) esta relação, quando considerada para o caso da
utilização de metacaulim como precursor e de hidróxido de sódio
como ativador, mostrou que: quando abaixo de 1,4, faz com que os
materiais se apesentem muito porosos, e, esta relação deve ser
preferencialmente superior à 1,65. Provis e Van Deventer (2007)
consideram que a quantidade de Al disponível é responsável pela
cinética de reação, enquanto que a relação “sílica/alumina”
é responsável pela resistência mecânica alcançada pelo material.
O parâmetro: Na2O/SiO2
Já
o parâmetro Na2O/SiO2 por sua vez, é
importante por indicar a razão entre as quantidades oferecidas pelo
ativador e polo precursor. Esta relação é a que define o grau de
polimerização do geopolímero (FERNANDEZ-JIMENEZ e PALOMO, 2009).
Também está inserida no contexto de formar materiais mais
resistentes. Os valores mínimos e ótimos para esta relação estão
também na dependência do tipo e origem do precursor, assim como do
tipo do ativador. Os valores desta relação costumam estar abaixo de
1.
O parâmetro Na2O/Al2O3.:
Da
mesma forma que para o caso da sílica, é importante também o valor
da relação Na2O/Al2O3. Neste caso,
o parâmetro ganha importância com relação à energia de ativação
para o desenvolvimento do processo. Referências indicam que o valor
ótimo é da ordem de 1.
Cabe
considerar que os óxidos e cátions envolvidos nos parâmetros
apresentados podem vir tanto dos precursores como do ativadores,
quando no caso de se utilizar também o silicato de sódio
conjuntamente.
Ainda,
como já mencionado, a relação Ca/Si é importante, no sentido de
se distinguir os de baixo ou alto teor de cálcio.
A
tecnologia aplicada aos cimentos ativados
Os
cimentos ativados alcalinamente têm êxito a partir de um bom
processo de dosagem e cura, escolhendo os parâmetros adequados. Já
começa com um bom processo de seleção e de tratamento da
matéria-prima.
Com
relação ao processo de cura é recomendado o uso da temperatura
como forma de melhor desenvolvimento das reações químicas.
A
água tem importância maior quando na fase da trabalhabilidade das
misturas, sendo que, o excesso de água pode vir a prejudicar a
resistência do material.
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